quinta-feira, 13 de março de 2014

ATIVIDADES SOBRE: Suspiros Poéticos e Saudades (Prefácio)

Suspiros Poéticos e Saudades (Prefácio)
   Pede o uso que se dê um prólogo ao Livro, como um pórtico ao edifício; e como este deve indicar por sua construção a que Divindade se consagra o templo, assim deve aquele designar o caráter da obra. [...]
   É um Livro de Poesias escritas segundo as impressões dos lugares; ora assentado entre as ruínas da antiga Roma, meditando sobre a sorte dos impérios; ora no cimo dos Alpes, a imaginação vagando no infinito como um átomo no espaço, ora na gótica catedral, admirando a grandeza de Deus, e os prodígios do Cristianismo; ora entre os ciprestes que espalham sua sombra sobre túmulos; ora enfim refletindo sobre a sorte da Pátria, sobre as paixões dos homens, sobre o nada da vida. São poesias de um peregrino, variadas como as cenas da Natureza, diversas como as fases da vida, mas que se harmonizam pela unidade do pensamento, e se ligam como os anéis de uma cadeia; poesias d'alma, e do coração, e que só pela alma e o coração devem ser julgadas.
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   O fim deste Livro, ao menos aquele a que nos propusemos, que ignoramos se o atingimos, é o de elevar a Poesia à sublime fonte donde ela emana, como o eflúvio d'água, que da rocha se precipita, e ao seu cume remonta, ou como a reflexão da luz ao corpo luminoso; vingar ao mesmo tempo a Poesia das profanações do vulgo, indicando apenas no Brasil uma nova estrada aos futuros engenhos.
.................................................................................................................................................................   Quanto à forma, isto é, a construção, por assim dizer, material das estrofes, e de cada cântico em particular, nenhuma ordem seguimos; exprimindo as ideias como elas se apresentaram, para não destruir o acento da inspiração; além de que, a igualdade dos versos, a regularidade das rimas, e a simetria das estâncias produz uma tal monotonia, e dá certa feição de concertado artificio que jamais podem agradar. [...]
.................................................................................................................................................................   Algumas palavras acharão neste Livro que nos Dicionários Portugueses se não encontram; mas as línguas vivas se enriquecem com o progresso da civilização, e das ciências, e uma nova ideia pede um novo termo.
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   Tu vais, oh Livro, ao meio do turbilhão em que se debate nossa Pátria; onde a trombeta da mediocridade abala todos os ossos, e desperta todas as ambições; onde tudo está gelado, exceto o egoísmo: tu vais, como uma folha no meio da floresta batida pelos ventos do inverno, e talvez tenhas de perder-te antes de ser ouvido, como um grito no meio da tempestade. Vai; nós te enviamos, cheio de amor pela Pátria, de entusiasmo por tudo o que é grande, e de esperanças em Deus, e no futuro. Adeus!                                                                                                            Paris, julho de 1836.
MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves de. Suspiros poéticos e saudades. 3 ed. Rio de Janeiro, Garnier, 1865. p. 9-15.

Para compreender melhor o texto

1- No início do segundo parágrafo, o poeta define o seu livro. De que modo?
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2- Quais os lugares nomeados pelo autor que favoreceram a sua inspiração? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3 – Qual o objetivo específico que o autor teve ao escrever o livro?
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4 – Quais as características tipicamente românticas que o poeta expressou neste prefácio?
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5 – A que se refere o pronome sublinhado na seguinte frase: “assim deve aquele designar o caráter da obra.” _______________________________________________________________________________

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